domingo, 4 de abril de 2010

Paul McCartney - Up and Coming Tour, Miami 3 de Abril 2010

 

O que dizer de show desses? Paul é uma das pessoas mais carismáticas do mundo sem dúvida nenhuma. Sempre foi meu Beatle preferido e agora posso dizer que o vi pessoalmente. Tudo bem que o tamanho que eu vi ele era mais ou menos do tamanho desta letra I...

 
Chegamos  no estádio do Miami Dolphins com uns 45 minutos de antecedência, o estacionamento já estava meio cheio com o pessoal do tailgate. Eles abrem a tampa do porta-malas, colocam um som e ficam bebendo, conversando... Tinha até um pessoal mais animado, fazendo uma fumacinha...



Nos encontramos com Fred ainda no estacionamento e com o resto do pessoal mais perto do estádio. Ficamos juntos Claudia, eu, Fred e Gustavo Guerra. Luis Antonio, Flavia (prima de Kassy), Natalia (filha deles e noiva de Gustavo) ficaram lá no campo de frente pro crime. Luis Antonio é tão fã dos Beatles que chorou de manhã quando a ficha caiu que ele ia pro show... Fizemos até um bolão para saber em quais músicas ele tinha chorado, boiou porque, segundo ele,  ele não chorou...


Quando o show começou um americano idiota resolveu se levantar e ficar cantando. Eu até que estava com vontade de ficar em pé mas todo mundo na seção em que estávamos estava sentado. Mesmo depois de uns gritos de "sit" (o famoso "seeeeentaaa" dos estádios do Brasil) o cara continuava irredutível. O pessoal da fila de trás já estava ficando incomodado. Chamaram uma supervisora do show que pediu ao cidadão para sentar ao que foi prontamente ignorada. Quando a mulher do cara chegou a gente pensou que ela ia pedir para ele sentar, que nada, ela ficou dançando se esfregando e os dois ainda ficaram rindo dos idiotas que estavam atrás. Quando a gente começou a achar que o cara ia sair por cima chegou a polícia e chamou o cara para dar um passeio. Ele ainda deu um showzinho gritando "F**K YOU!" e estendendo o dedo médio para trás. A polícia foi extremamente profissional, não deram um sorriso nem indicaram que estavam gostando de fazer aquilo, eles estavam trabalhando. Mesmo assim foram calorosamente aplaudidos por todos na seção. Queria bater uma foto com intuito puramente jornalístico mas Claudia não deixou...


Bom, mas vamos ao que interessa, o show. Não vou nem falar da qualidade dos artistas, das músicas porque isso é chover no molhado. O que me emocionou no show foi o clima de conversa na varanda de casa. Parecia que a gente estava tomando umas e ele com um violão na mão e contando causos...

Quando ele tocou Foxy Lady de Jimi Hendrix ele falou que admirava muito Jimi e que uma das maiores homenagens que ele recebeu foi quando os Beatles lançaram Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band numa quinta-feira e Hendrix e sua banda ensaiaram no final de semana e num show no domingo eles abriram com essa música. Ele contou também uma estória que num show de Jimi Hendrix ele (Jimi) tava muito doido e entrou num daqueles solos intermináveis, depois de 10 minutos de solo ele percebeu que a guitarra estava completamente desafinada. Daí ele olha para a plateia e pergunta (aí Paul faz uma voz de doidão): "Eric tá aí?", procurando por Eric Clapton. Paul disse que Eric estava na plateia se escondendo e quando Jimi o achou: "Eric, can you tune this for me?".

Também teve uma hora que ele pegou um ukulele, que para mim nada mais é do que um cavaquinho, que George deu para ele. Ele mostrou como George tocava, falou que ele pegou o cavaquinho e ensinou George a toca-lo. Nestas horas eu tinha a impressão que ele se emocionava. Depois dessa conversinha ele simplesmente tocou Something no cavaco, dedicando essa música a George. No telão atrás da banda fotos de George eram projetadas dando um toque a mais de emoção.



Esses conversas eram muito emocionantes. Paul dedicou a música My Love a Linda McCartney: "I wrote this next song for Linda, and tonight this is dedicated to all the lovers in the audience."

Antes de Blackbird ele falou que John havia escrito aquela música por conta do momento complicado que os EUA viviam em relação aos direitos civis. Aí veio a parte mais emocionante do show. Ele falou que compôs Here Today para falar de coisas que a gente às vezes quer dizer para uma pessoa mas não diz e quando aquela pessoa morre você percebe que agora é tarde demais. Paul disse que aquela música ele tinha escrito logo após a morte de John com coisas que ele queria ter dito a ele. Não teve quem não se emocionasse quando ele disse que estava dizendo aquelas palavras a John naquele momento já que John estava ali. (Eu me arrepiei agora de novo...)
"I wrote this next song for my dear friend John. Let's hear it for John! Sometimes you don't say all you mean to say to people, and then when they pass away, it's too late."
Quando ele tocou a sequência Ob-La-Di, Ob-La-Da e Back in the USSR lembrei muito de Joseph quando a gente era da 6a série e essas eram as nossas músicas favoritas. Antes de tocar Paperback Writer ele falou que estava usando a mesma guitarra que ele usou na gravações originais nos anos '60.

Outra música incrível foi Live and Let Die, com direito a fogos no palco e nas arquibancadas, tudo obra de Shaky (ou "Tremedeira" numa tradução livre) que é o responsável pela pirotecnia do show. Claro que Paul não ia perder uma piada dessas (tô dizendo que ele parece comigo)... Nessa hora ele ainda colocou os dedos no ouvido dizendo que já não aguentava mais o barulho, rindo com a plateia... (Já disse que ele é muito simpático?)



Depois de Live and Let Die ele tocou Hey Jude, aí já estava todo mundo de pé (o cara que foi expulso vai ficar puto se souber disso) cantando junto com ele... Rolou até aquele la-la-la, só os homens, só as meninas, todo mundo...

Quando ele voltou para o primeiro bis ele soltou um "Vocês sabiam que a gente ia voltar...". Depos de 2 horas e 45 minutos de show o pessoal ainda queria mais. Paul então vem com essa: "Tem uma hora que vocês tem que ir para casa, que coincide com a hora que nós temos que ir para casa... Se bem que vocês podem ir para algum outro lugar..."



Paul lembrou ainda que esteve em Miami para o programa de Ed Sullivan. Falou que a Florida ainda era cool, cool uma coisa, tava um calor desgraçado...

Destacaria ainda as performances de Let it be e The Long and Winding Road (no piano) e Yesterday (numa incrível interpretação só no violão)

Set List:
    * Venus and Mars
    * Rock Show
    * Jet
    * All My Loving
    * Letting Go
    * Got To Get You Into My Life
    * Highway
    * Let Me Roll It
    * Foxy Lady (Jimi Hendrix Cover)
    * The Long and Winding Road
    * Nineteen Hundred and Eighty Five
    * Let ‘Em In
    * My Love
    * I’m Looking Through You
    * Two Of Us
    * Blackbird
    * Here Today
    * Dance Tonight
    * Mrs. Vanderbilt
    * Eleanor Rigby
    * Something (George Harrison tribute)
    * Sing The Changes
    * Band On The Run
    * Ob-La-Di, Ob-La-Da
    * Back In The U.S.S.R.
    * I’ve Got A Feeling
    * Paperback Writer
    * A Day In The Life
    * Give Peace A Chance (John Lennon tribute)
    * Let It Be
    * Live and Let Die
    * Hey Jude
Encore 1:
    * Daytripper
    * Lady Madonna
    * Get Back
Encore 2:
    * Yesterday
    * Helter Skelter
    * Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise)
    * The End

Chegando em casa Gabriel e Mariana acordaram e deram uma canseira na gente até umas 3 e meia da manhã. Mariana acordou às 7 e meia da manhã. Tá pensando que estamos cansados? Parece que estávamos anestesiados pela música...

Agradecimentos especiais ainda a Caio que ficou de baby-sitter (só me custou uma pizza da Papa John's)!

Para fechar: Sabe o que Paul, Ringo e eu temos em comum? Somos canhotos, acho que vou falar com Ringo no show dele dia 15 de Julho pra ver se ele topa montar uma banda comigo. Mas isso é uma outra estória...